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Escritora dorense vence o maior Prêmio da Literatura Brasileira

Stella Maris Resende é premiada duplamente na categoria juvenil

23 de outubro de 2012


A professora da segunda série deixou o ensaio da pequena Stella por último. Enquanto entregava os textos de todos da sala, ia crescendo a ansiedade da garota. "Ela não deve ter gostado", angustiou-se. Então, a mulher sisuda se aproximou, estendeu o papel e lançou: "Stellinha, você vai ser escritora". Não disse mais nada; mas a frase ficou gravada como premonição.

"Nunca mais vi aquela professora na vida, mas ela foi importante demais na minha carreira", lembra hoje, a duplamente premiada com o Jabuti, Stella Maris Rezende. "Foram palavras mágicas. Minha composição tinha erros gramaticais, mas ela viu em mim a criatividade e enxergou a importância disso."

A professora Marlene - porque ela lembra a professora de nome, rosto e sotaque - certamente ficaria orgulhosa dos livros "A mocinha do Mercado Central" e "A guardiã dos segredos de família", que acabaram de levar o primeiro e segundo lugar no Jabuti de literatura juvenil. Stella, porém, rejeita o rótulo de escritora adolescente. "Faço literatura, é isso que importa. os críticos costumam dizer que meus livros são para todas as idades", argumenta, em uma voz alegremente acelerada.

Quando era Stellinha, a escritora morava em Belo Horizonte, Minas Gerais. Aos 12 anos, gravou na memória e no coração a letra de "Brasília, capital da esperança", de Jorge Goulart, enquanto ia com a família para a nova cidade, que se erguia como o El Dorado para eles, que viviam tantos problemas financeiros.

 

O pai festejou quando o ultimo dos setes filhos se formou na UnB. Stella foi além e conquistou um mestrado em literatura brasileira, inspirada desde cedo pelas contações de história da mãe e avó. "Antes mesmo de ler eu já ouvia Guimarães Rosa na mineiridade da voz delas..."

Casou-se duas vezes, sem muita sorte. Diz que nunca encontrou um homem que entendesse as necessidades de uma escritora. Resultado afortunado dessas relações, porém, são os três filhos: Fábio, Gabriel e Renato, em quem ela encontra inspiração para seus personagens.

Hoje, com a liberdade da solteirice e dos 62 anos, ela acorda tarde todos os dias, come uma fruta e vai escrever. Só para para almoçar às 16h, antes de ir à academia ou ler no Jardim Botânico do Rio de Janeiro, onde mora desde 2007. "O Rio é só uma temporada. Sou brasiliense. Nasci em Minas, mas quem me deu asas foi Brasília. Dos dos tipos."

Fonte: Jornal Metro